Cemitério de Pianos é uma obra de José Luís Peixoto. Ganhou o Prémio Saramago em 2001, tem obras publicadas em vários países. Um dos novos prodígios da literatura portuguesa do século XXI.A acção da obra literária, decorre na cidade de Lisboa, nos arredores da freguesia de Benfica, não é possível especificar em que tempo a acção se desenrola, porém, vou ter em conta uma nota do autor, por isso, 1912. O drama será o género que melhor descreve esta obra, marca com intensidade os acontecimentos.
Esta obra tem em Francisco Álvaro, pai e filho, as personagens principais da acção, desenvolvendo também o papel de narradores da acção. Outras personagens com algum peso serão: a mulher de Francisco Álvaro (dirige-se sempre a ela como sendo a "minha mulher"); Simão, irmão de Francisco Álvaro (filho); Marta e Maria, irmãos de Francisco Álvaro (filho); as crianças: Hermes, Elisa e Ana (netos de Francisco Álvaro. Outras personagens aparecem no decorrer da acção, porém, sem qualquer peso no seu desenrolar.
É uma obra que narra a história de um atleta português - Francisco Lázaro - que faleceu na Maratona de Estocolmo em 1912. O escritor alienou este acontecimento a uma série de histórias, onde o narrador utiliza a elipse para narrar os acontecimentos. Estamos perante dois narradores, Francisco Lázaro: o pai e o filho. O narrador principal é Francisco Lázaro, pai, que conta a história da sua vida, pelo meio, temos acontecimentos narrados pelo Francisco Lázaro, o filho. Uma história marcada pela tristeza, pelo drama, pela violência doméstica, da família de Francisco Lázaro, uma história homoníma de tantas familías portuguesas.
Fica o sentimento que a história já se repetiu algum tempo atrás, porém, a história é a mesma, bem como os seus protagonistas, o que há são inversões temporais que levam a que o leitor fique com a sensação que há duas histórias semelhantes, senão a mesma. O recurso estilístico, elipse, é o que provoca esta aligeirada confusão temporal. É um bom exemplo de um Romance Moderno, pois reúne em si os três tempos: passado, presente e futuro, não havendo uma qualquer distinção entre ambos. A obra está bem estruturada, há o recurso a uma panóplia de recursos estilísticos, o que só contribui para o enrequecimento da mesma. Já antes tinha afirmado, e volto a frisar, José Luís Peixoto tem uma escrita muito singular e autónoma. É um escritor a seguir com bastante interesse e atenção, tendo em conta a evolução que as suas obras têm sofrido com o passar do tempo.
Título original: Cemitério de Pianos
Autor: José Luís Peixoto
Editora: Bertrand, 2006
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