quinta-feira, 12 de maio de 2011

Cemitério de Pianos de José Luís Peixoto

Cemitério de Pianos é uma obra de José Luís Peixoto. Ganhou o Prémio Saramago em 2001, tem obras publicadas em vários países. Um dos novos prodígios da literatura portuguesa do século XXI.

A acção da obra literária, decorre na cidade de Lisboa, nos arredores da freguesia de Benfica, não é possível especificar em que tempo a acção se desenrola, porém, vou ter em conta uma nota do autor, por isso, 1912. O drama será o género que melhor descreve esta obra, marca com intensidade os acontecimentos.

Esta obra tem em Francisco Álvaro, pai e filho, as personagens principais da acção, desenvolvendo também o papel de narradores da acção. Outras personagens com algum peso serão: a mulher de Francisco Álvaro (dirige-se sempre a ela como sendo a "minha mulher"); Simão, irmão de Francisco Álvaro (filho); Marta e Maria, irmãos de Francisco Álvaro (filho); as crianças: Hermes, Elisa e Ana (netos de Francisco Álvaro. Outras personagens aparecem no decorrer da acção, porém, sem qualquer peso no seu desenrolar.

É uma obra que narra a história de um atleta português - Francisco Lázaro - que faleceu na Maratona de Estocolmo em 1912. O escritor alienou este acontecimento a uma série de histórias, onde o narrador utiliza a elipse para narrar os acontecimentos. Estamos perante dois narradores, Francisco Lázaro: o pai e o filho. O narrador principal é Francisco Lázaro, pai, que conta a história da sua vida, pelo meio, temos acontecimentos narrados pelo Francisco Lázaro, o filho. Uma história marcada pela tristeza, pelo drama, pela violência doméstica, da família de Francisco Lázaro, uma história homoníma de tantas familías portuguesas.

Fica o sentimento que a história já se repetiu algum tempo atrás, porém, a história é a mesma, bem como os seus protagonistas, o que há são inversões temporais que levam a que o leitor fique com a sensação que há duas histórias semelhantes, senão a mesma. O recurso estilístico, elipse, é o que provoca esta aligeirada confusão temporal. É um bom exemplo de um Romance Moderno, pois reúne em si os três tempos: passado, presente e futuro, não havendo uma qualquer distinção entre ambos. A obra está bem estruturada, há o recurso a uma panóplia de recursos estilísticos, o que só contribui para o enrequecimento da mesma. Já antes tinha afirmado, e volto a frisar, José Luís Peixoto tem uma escrita muito singular e autónoma. É um escritor a seguir com bastante interesse e atenção, tendo em conta a evolução que as suas obras têm sofrido com o passar do tempo.



Título original: Cemitério de Pianos

Autor: José Luís Peixoto

Editora: Bertrand, 2006