segunda-feira, 17 de outubro de 2011

No teu deserto - Miguel Sousa Tavares


Uma escolha aleatória na Biblioteca Pública, de tantos livros correctamente colocados nas estantes, respeitando uma ordenação alfabética pelo nome do autor, tal como ditam as regras. Um risco, mas que quando não temos nenhum livro em mente, é um risco que vale a pena.
Foi a minha primeira leitura de Miguel Sousa Tavares. Este escritor que é filho da grande escritora Sophia de Mello Breyner, tem consigo o gosto da escrita que ganhou com a sua mãe. Ainda é prematura ter uma opinião sobre a escrita, apesar de ler assiduamente alguns artigos de opinião seus.
Quanto ao No Teu Deserto, é como diz o escritor um quase romance, apesar de ter potencial para ser um romance, um bom romance. É um quase romance porque é um género de elogio e contributo a Cláudia, a sua acompanhante na aventura pelo deserto, uma aventura que consistia em fazer uma reportagem, com registo fotográficos, escritos e vídeos.
Este livro é um livro de saudade, um livro onde fica registado para que não caia no esquecimento a Cláudia, a companhia desta aventura pelo deserto, esta aventura que foi de auto-conhecimento, uma aventura onde foi possível ver duas pessoas completamente distintas, a unirem-se devido às grandes adversidade que esta reportagem desenvolveu. Há uma narração de ambos os lados, tanto do Miguel Sousa Tavares, como de Cláudia. O escritor decidiu entrar na mente feminina e descreveu as situações, isto nem sempre é fácil de ser feito, mas o escritor até conseguiu descrever os acontecimentos de forma lisonjeira.
O quase romance, vem deixar registado a mágoa que ficou, vem registar uma eterna saudade de Cláudia, a saudade de uma viagem que hoje não decorreria da mesma forma, devido ao facto da tecnologia ter-se desenvolvido imenso.
Este é um registo simples e sincero, de uma leitura rápida, e que peca por ter surgido tarde - tarde para a Cláudia, não para o leitor. Uma forma leve e lisonjeadora de homenagear alguém que marcou a sua vida.
O Rio das Flores e Equador são de certo dois livros bastante diferentes deste, serão alvo da minha leitura num futuro bem próximo.

A vida num sopro - José Rodrigues dos Santos


A minha 2ª leitura de José Rodrigues dos Santos. Um livro diferente das aventuras do professor Noronha.
Este livro conta-nos a história amorosa de Luís e Amélia, que se apaixonam ainda adolescentes e que devido às várias circunstâncias da vida, separam-se, reencontrando-se vários anos depois da sua separação. É um romance que decorre no início do Estado Novo, onde é perceptível as condicionantes à liberdade individual, característica bastante intrínseca de qualquer ditadura. Amélia é vitima de um pensamento bastante característico da história portuguesa, o arranjo de casamentos de forma a proporcionar um futuro mais promissor do que aquele que estava destinado. Nos dias de hoje ainda é possível encontrar um ou outro exemplo desta situação, mais no interior do País do que propriamente nas zonas mais industrializadas.
A vida num sopro é um romance que se lê "num sopro", apesar das suas inúmeras páginas. É um livro que não foge ao registo leve e acessível do escritor, uma escrita que consegue cativar massas mas que não é capaz de despertar um interesse literário aos mais cépticos. É perfeitamente visível o facto do escritor ter a faculdade de escrever inúmeras páginas por dia, e assim, publicar os seus livros com pouca diferença de tempo de um para o outro. Tira espectacularidade às suas obras, tira genialidade, tira potencial literário, mas é compreensível, os seus livros são fenómenos de vendas em Portugal, se tivesse as características que anteriormente anunciei, jamais seria um best-seller português. É de um enquadramento político importante, que ajuda a caracterizar a sociedade da época, dá a conhecer aspectos que os mais jovens desconhecem. Eu gostei de o ler porque ainda não tenho um estilo literário definido, vou lendo de tudo um pouco, para que possa criar esse estilo. Até lá, todo o livro é bem-vindo, seja ele um fenómeno de vendas, seja ele um simples livro de uma única edição.
É minha intenção ler mais uns livros do José Rodrigues dos Santos, a sua escrita leve ajuda a desanuviar o pensamento.

CODEX 632 - José Rodrigues dos Santos

Cristóvão Colombo e os Descobrimentos são o mote deste livro do, bem conhecido jornalista, José Rodrigues dos Santos. O Codex 632 aborda todo o mistério em volta da nacionalidade de Cristóvão Colombo, como também alguns dos supostos segredos da época dos Descobrimentos.

O professor Noronha, personagem principal da obra, vai investigar o passado de Cristóvão Colombo, baseando-se em manuscritos da época, recorrendo a especialistas em diversas áreas. Reconheço que deixa o leitor bastante intrigado com estas questões, que são baseadas em documentos verídicos, e que leva a certo momento não conseguir discernir o que real do que é romance. A história paralela à intriga principal, o dia-a-dia da família Noronha, ajuda a que hajam momentos de desconexão do enredo principal. Um pequeno apontamento sobre a Trissomia 21, a sua explicação e o dia-a-dia de uma criança que tem este sintoma - a filha do professor Noronha. Uma boa chamada de atenção.

É um livro bastante agradável de ler, uma leitura bastante acessível e rápida, onde a curiosidade aumenta a cada página que viramos. O escritor é considerado como sendo o Dan Brown português, concordo porque o estilo assemelha-se em muito com o escritor norte-americano. Apesar da comparação, José Rodrigues dos Santos está ainda longe do brilhantismo, dos enredos e da forma como conduz as investigações de Dan Brown. O uso abusivo de datas, citações em outras línguas, tornam o Codex 632 num livro onde a investigação e o romance entrelaçam-se, mais do que era suposto, pois retira alguma da atenção que despertou anteriormente no leitor. Compreendo que o escritor tenha tido a intenção de tornar os factos o mais verídicos possíveis, fica a intenção.

Continuarei a ler José Rodrigues dos Santos, é um estilo leve e cativante, é um escritor que escreve para as massas, é um escritor que dá imenso lucro à editora que o representa. Este género de escritores são essenciais à sociedade porque cativam o leitor que não tem por hábito a leitura. Bom ou mau, um livro é sempre um livro - é o leitor que faz o livro.

terça-feira, 21 de junho de 2011

Marina - Carlos Ruiz Zafón


Marina é o terceiro livro do escritor espanhol Carlos Ruiz Zafón traduzido para português e, consequentemente, o terceiro livro que leio deste escritor.
O livro fala-nos (sim, os livros falam!) da história de um rapaz Óscar, que vive num orfanato, e um dia numa das suas escapatórias no referido orfanato, encontra Marina, uma bela rapariga pela qual vai se apaixonar. A partir daqui será um turbilhão de aventuras, de sentimentos, de fantasia e segredos que se encontram guardados no mais profundo dos lugares. Mais uma vez tem como plano de fundo a cidade de Barcelona, e com a leitura do terceiro livro de Zafón, começo a ter a sensação que conheço Barcelona. Este não é o principal assunto do livro, a história de uma cantora lírica e um milionário, marca este livro, tanto que poderia ter sido escrito num livro à parte e classificado como um romance de "terror", porém, o escritor decidiu incorporá-lo neste mesmo livro. Há duas histórias no livro, uma contada por terceiros, outra pelos próprios.
Apesar de ter sido o último livro traduzido para português, este é anterior aos outros dois, e nota-se que o número de páginas escritas tem vindo aumentar sucessivamente!
O livro Marina, é mais um livro onde é notório toda a criatividade do escritor, porém, gostava de ler um livro num registo diferente, que não fosse um conjunto de aventuras pela cidade de Barcelona, interpretado por duas personagens principais, uma masculina e outra feminina. Aguardemos por mais uma tradução.
Carlos Ruiz Zafón afirma que este livro, Marina, é um dos seus favoritos, não é o meu favorito do mesmo, esse continua a ser A Sombra do Vento. Há uma expressão que guardo deste livro: "Apenas recordamos aquilo que não vivemos.". É uma expressão que resume bem todo o enredo que envolve esta obra.
Para os leitores que gostam de ler livros pouco complexos, com uma escrita acessível e de rápida leitura, este é um bom livro, motiva-nos a continuar no prazer da leitura. Porém, aguardo maior complexidade nos próximos livros de Carlos Ruiz Zafón.

Título: Marina

Editora: Planeta Editora

Autor: Carlos Ruiz Zafón

quinta-feira, 2 de junho de 2011

O Processo - Franz Kafka



A minha primeira leitura da obra de Franz Kafka. O acesso às obras de Franz Kafka só é possível porque o seu grande amigo Max Brod, não cumpriu a ordem que o mesmo tinha indicado, queimar todas as suas obras. Um grande gesto por parte Max Brod.

Tal como é-nos indicado na obra, trata-se de uma novela inacabada que Max Brod tratou de organizar os capítulos que a compõem, baseando-se na leitura da novela que Kafka o presenciou.

A história desenrola-se em torno da personagem Joseph K., um bancário que certa manhã acorda e é acusado de um crime que desconhece, mas que durante todo o enredo jura que está inocente. Toda esta tramóia que assolou Joseph K. será narrada na novela. Quanto ao final, vou ocultar para não retirar a curiosidade de ler esta obra.

É notória a crítica à burocracia que envolve o desenvolvimento de um processo judicial, perfeitamente visível nos dias de hoje, apesar de ser uma obra do início do século XX. Recordei nesta mesma obra, algumas das características de Dostoiévski, isto é, na complexidade da construção mental da personagem principal e os conflitos interiores, a obscuridade presente na sociedade da época que se veio espelhar na escrita de Kafka. Apesar de não conhecer a razão pela qual foi acusado, Joseph K. declarou-se sempre inocente.

É perceptível que se trata de uma obra inacabada, que o seu fim foi provocado por um desejo de deixar a obra com um início e um fim.

Não foi dos melhores livros que já li, porém gostei do enredo e da complexidade que Kafka emplementa nas suas personagens.


Título: O Processo

Título original: Der Prozess

Autor: Franz Kafka

Tradução: Gervásio Álvaro



quinta-feira, 12 de maio de 2011

Cemitério de Pianos de José Luís Peixoto

Cemitério de Pianos é uma obra de José Luís Peixoto. Ganhou o Prémio Saramago em 2001, tem obras publicadas em vários países. Um dos novos prodígios da literatura portuguesa do século XXI.

A acção da obra literária, decorre na cidade de Lisboa, nos arredores da freguesia de Benfica, não é possível especificar em que tempo a acção se desenrola, porém, vou ter em conta uma nota do autor, por isso, 1912. O drama será o género que melhor descreve esta obra, marca com intensidade os acontecimentos.

Esta obra tem em Francisco Álvaro, pai e filho, as personagens principais da acção, desenvolvendo também o papel de narradores da acção. Outras personagens com algum peso serão: a mulher de Francisco Álvaro (dirige-se sempre a ela como sendo a "minha mulher"); Simão, irmão de Francisco Álvaro (filho); Marta e Maria, irmãos de Francisco Álvaro (filho); as crianças: Hermes, Elisa e Ana (netos de Francisco Álvaro. Outras personagens aparecem no decorrer da acção, porém, sem qualquer peso no seu desenrolar.

É uma obra que narra a história de um atleta português - Francisco Lázaro - que faleceu na Maratona de Estocolmo em 1912. O escritor alienou este acontecimento a uma série de histórias, onde o narrador utiliza a elipse para narrar os acontecimentos. Estamos perante dois narradores, Francisco Lázaro: o pai e o filho. O narrador principal é Francisco Lázaro, pai, que conta a história da sua vida, pelo meio, temos acontecimentos narrados pelo Francisco Lázaro, o filho. Uma história marcada pela tristeza, pelo drama, pela violência doméstica, da família de Francisco Lázaro, uma história homoníma de tantas familías portuguesas.

Fica o sentimento que a história já se repetiu algum tempo atrás, porém, a história é a mesma, bem como os seus protagonistas, o que há são inversões temporais que levam a que o leitor fique com a sensação que há duas histórias semelhantes, senão a mesma. O recurso estilístico, elipse, é o que provoca esta aligeirada confusão temporal. É um bom exemplo de um Romance Moderno, pois reúne em si os três tempos: passado, presente e futuro, não havendo uma qualquer distinção entre ambos. A obra está bem estruturada, há o recurso a uma panóplia de recursos estilísticos, o que só contribui para o enrequecimento da mesma. Já antes tinha afirmado, e volto a frisar, José Luís Peixoto tem uma escrita muito singular e autónoma. É um escritor a seguir com bastante interesse e atenção, tendo em conta a evolução que as suas obras têm sofrido com o passar do tempo.



Título original: Cemitério de Pianos

Autor: José Luís Peixoto

Editora: Bertrand, 2006

sexta-feira, 29 de abril de 2011

O Assassino Inglês - Daniel Silva

Um livro de espionagem, o primeiro que li do género. Apesar de não ser o meu género literário favorito, este livro foi uma agradável surpresa.

Daniel Silva é um escritor luso-descendente, filho de pais açorianos, de livros sobre espionagem, considerado por inúmeros críticos como estando ao nível de outros conceituados escritores da espionagem, tal como La Carré.

Quanto à narrativa, toca num ponto sensível que é o saque de arte que ouve durante a Segunda Guerra Mundial, e as consequências que isso acarretou. Gabriel Allon, espião e recuperador de arte, é contratado para recuperar um quadro de Rafael, em Zurique. Todavia, quando chega a Zurique, vai deparar-se com o assassinato da pessoa que o mandou contratar. É a partir deste momento que toda a história se vai desenrolar, onde atinge o seu auge, no encontro entre Gabiel Allon e o "Assassino Inglês". É uma narrativa cheia de suspanse, o escritor consegue cativar bem o leitor, em relação ao fim da história, o autor poderia ter terminado de forma mais célebre, pois todo o desenrolar da história prometia um final mais interessante e apoteose.

Este é um livro pertencente a um estilo que marcou a década passada e continua a marcar este início de década, um estilo populista, com histórias com enredos cheios de acção e aventura, porém, pouco condimentados em conteúdos que abordem questões pertinentes nas mais várias áreas. É um livro, é um autor, que dá lucro às editoras, e no fim, este é o grande objectivo das mesmas. No entanto, gostei de o ler e sugiro aqueles que não se dedicam a grandes leituras, é um livro que vos vai levar a querer chegar ao fim, o que é óptimo. Uma mensagem a reter deste livro: a persistência, o treino e o querer, são características intrínsecas a um vencedor.

terça-feira, 19 de abril de 2011

Um sonho do tio - Fiódor Dostoiévski




O lado cómico de Dostoiévski está presente nesta obra, onde Maria Alieksándrovna de forma a assegurar o futuro da sua filha Zina, vai fazer de tudo para que possa casa-la com um príncipe, Príncipe K, esquematizando uma estratégia, que deixarei em aberto se foi bem ou mal sucedida. Mais uma vez, está presente a crítica social, onde está presente a coscuvilhice e a intriga social.


Dostoiévski depositou nas suas personagens, o excêntrico, o humilde, o fracassado e o de carácter forte. Esta diversidade de características das personagens, não retiram a autonomia das mesmas, característica intrínseca à literatura de Dostoiévski.


Esta obra, não tem o peso psicológico das restantes obras de Dostoiévski, porém, a crítica e e o lado oculto e sombrio do homem (característica da filosofia do século XIX) estão presentes. Gostaria de ver esta obra encenada numa pequena peça, tem todos os ingredientes para se tornar num sucesso teatral.


Uma obra de leitura fácil, bastante rápida e compreensível mas longe da genialidade das obras que tive oportunidade de ler e apresentá-las nos post's anteriores.

quinta-feira, 14 de abril de 2011

O Duplo - Fiódor Dostoiévski

Dostoiévski estava em tenra idade quando escreveu esta obra, tinha 24 anos. Foi publicado posteriormente à publicação do seu primeiro romance, Gente Pobre.

Nesta obra, surgem críticas explícitas à sociedade da altura. O Senhor Goliadkin, personagem principal, vê os seus direitos como cidadão serem obstruídos por uma sociedade onde há uma grande apetência para a prática fraudulenta. A certa altura surge na história uma personagem homónima ao Senhor Goliadkin, que para distinguir da principal passa a ser Goliadkin Júnior, onde tem embutido em si todas as características do personagem principal. Vítima de doenças mentais, o Senhor Goliadkin cria esta pessoa e estabelece com ela uma relação promíscua, chegando a considerá-la seu inimigo, pois, está ocupar o seu lugar na sociedade. É espantoso como estas duas personagens, a principal e a homónima interagem com todas as outras personagens, levando a que certo ponto não consigamos distinguir qual a verdadeira e qual é a que é fruto da imaginação do Senhor Goliadkin.
Mais uma vez, imensa informação é-nos trazida pelos diálogos do subconsciente da personagem principal, prática usual nas obras de Fiódor Dostoiévski.
Quanto à tradução, está bem conseguida e o texto bem estruturado. Apesar de ser uma obra de uma dimensão média, a sua leitura torna-se ligeiramente desgastante pois obriga a uma leitura bastante atenta e minuciosa, para que se entenda a narrativa.

terça-feira, 12 de abril de 2011

Crime e Castigo - Fiódor Dostoiévski

Fiódor Dostoiévski tem nesta obra todo o seu explendor como escritor. Está aqui presente toda a sua genialidade, a sua forma ímpar de criticar a sociedade. Novamente a subconsciência das personagens, principalmente da principal, é extremamente revelador do estado psicológico das mesmas.
Ródion, a personagem principal, era um antigo estudante, abandonou os estudos por ser demasiado pobre, estudava direito. Passou uma vida marcada pela miséria, pelas constantes alucinações, são pelas suas descrições que ficamos a conhecer com certa brevidade de como era a sociedade russa do século XIX, um lado da sociedade que ficou marcado pela pobreza, a forma como sobriviveram muitas das populações da época. O termo Castigo, presente no título do livro, na minha opinião, adequa-se mais a Sónia (bondade e amor pelos outros, do que por si), do que propriamente à pessoa que cometeu o crime, se é que cometeu crime.. Todas as personagens secundárias da obra, possuem características psicológicas distintas, a razoabilidade, a pobreza, a maldade, são aspectos intrínsecos a algumas destas personagens. Esta obra é um macro psicológico, é impressionante como a mente humana tem a capacidade de auto punir, rejeitado quase por completo a justiça. Esta obra, e quase toda a de Dostoiévski, foi analisada por grandes filósofos contemporâneos, estando mesmo na base de algumas teorias.

Recomendo-vos esta obra, caso não seja simplesmente porque todos devemos ler uma só obra deste escritor russo, a sua genialidade assim o merece.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

O Jogador - Fiódor Dostoiévski


Eis a minha primeira incursão pelo mundo literário russo, e que grande incursão é esta!

Este é um dos grandes escritores russos de todos os tempos, a forma como desenvolve as suas personagens, as críticas ímpares que faz à sociedade, marcam-no como um grande ícone da literatura tanto russa como mundial. Foi e é fonte de inspiração e influência para imensos escritores.

Quanto a esta obra em si, fala-nos da história dos jovens, Aleksei Ivánovitch e Polina Aleksandrovna. A história passa-se, quase toda ela, em Roletenburgo na Alemanha, onde Ivánovitch apaixona-se pela roleta, angariando grandes quantias monetárias, bem como perdendo algumas dessas quantias. Este livro é marcado pela crítica aos jogos, onde a desgraça e a sorte cruzam-se com bastante frequência, bem como às pessoas passam-se por aquilo que não.

No fim do livro, fica a questão no pensamento de Ivánovitch "O que pode acontecer quando a paixão pela roleta se cruza com a paixão pela mulher amada?"

Um aspecto que é de salientar na literatura de Dostoiévski são que a maioria das críticas feitas, surgem pela subconsciência da personagem principal, e não meramente pelos diálogos.

Recomendo bastante este escritor, porém, convêm já ter algum gosto pela leitura, pois não são obras fáceis de interpretar.

O jogo do Anjo - Carlos Ruiz Záfon



Para quem leu, como eu, primeiro A Sombra do Vento e, posteriormente, O Jogo do Anjo, vai ficar ligeiramente decepcionado!


Apesar de ser uma história, de certo modo, bem conseguida, está longe da expontaniedade que foi o livro que falei anteriormente.


Quanto ao livro em si, fala novamente de livros.. Tudo se passa novamente na obscura cidade de Barcelona, nos anos 20 do século passado, onde há a história de um grande amor, a história de um livro acabado mas nunca publicado, um enrendo cheio de aventura, suspanse e que algumas situações leva o leitor a colocar em dúvida todo um encadeamento de situações, pois a realidade cruza-se com o surreal que a personangem principal vai vivendo. Mais uma vez retrata a paixão livros (volta a tocar no Cemitério dos livros), cujo tema já tinha sido focado na obra anterior. Apesar de o escritor ter dito que esta não é uma obra de continuidade do seu best-seller, A Sombra do Vento, há imensas afinidades entre ambos, que na minha opinião, há uma certa continuidade na acção.


Apesar de ter gostado deste livro, volto a sugerir que comecem exactamente por este e só depois A Sombra do Vento, para que não saiam com as expectativas defraudadas!


A próxima obra será Marina, cuja publicação em português já está disponível.

A Sombra do Vento - Carlos Ruiz Záfon



Que agradável surpresa foi este escritor espanhol, Carlos Ruiz Zafón! Uma escrita acessível, simples mas formidável, que preconiza uma leitura rápida, onde os acontecimentos estão bem encadeados. Sabe conduzir o leitor pelo enredo.


Este livro, A Sombra do Vento, fala de jovem Daniel Sempere que vai investigar a vida de um escritor Julian Carax, cujas as obras foram consideradas "malditas" e então, todas eliminadas excepto uma, A Sombra do Vento, a qual Daniel vai guardar com toda a sua dedicação, apesar dos perigos que isso acarreta. Em certo ponto, a personagem principal começa a descobrir sinais que o ligam promiscuamente com o escritor Julian Carax. A certa altura entra em "cena" uma personagem que vai auxiliar Daniel Sempere, que vai empregar nesta história algumas situações de comédia.


É um livro cuja acção desenrola-se pela cidade de Barcelona, do século XX, nas suas ruas mais obscuras, carregado de suspense, intriga e que nos deixa agarrados à história, despertando o desejo de estar constantemente a ler. É daqueles livros que se lê em dois dias, com uma tradução de qualidade.


Uma pequena observação: Quem quiser iniciar a leitura da obra deste escritor, que comece pela obra O Jogo do Anjo, para que as espectactivas não fiquem um pouco defraudadas.

Livro - José Luís Peixoto


Foi a minha primeira incursão pela literatura de José Luís Peixoto, e fiquei logo surpreendido com a sua escrita. Uma escrita bastante acessível, própria, uma forma suave da escrita de José Saramago. Este será certamente um grande escritor do século XXI, pelo menos, para lá caminha.

Quanto ao livro, retrata uma época que marcou bastante Portugal, que foi a emigração dos anos 60 e 70, neste caso para França, e o que passaram muitos dos Portugueses que quiseram se aventurar. O livro está devidido em duas partes, uma primeira parte em que se dá a partida para a França e uma segunda parte, que relata o regresso à pátria. Este registo tem bastantes aspectos auto-biográficos, tais como o nome da aldeia de José Luís Peixoto viveu, a Galveias. Sugiro a leitura deste livro, principalmente para quem desconhece a obra de José Luís Peixoto, que foi o meu caso. A minha próxima aventura na obra de José Luís Peixoto, será o Cemitério de Pianos.

Primeiro de muitos

Olá! Este blog surge da ideia de partilhar convosco uma das minhas paixões, os livros! Decidi começar a publicar cáos livros que vou lendo, bem como a minha opinião sobre os mesmos. Quero também com o blog, manter activa a minha leitura e, quem sabe, despertar este interesse em outras pessoas! :)